quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Métodos de Extracção


Os egípcios foram os primeiros a destilar plantas com o intuito de extrair os seus óleos essenciais. Desde então, os métodos de extracção de óleos essenciais diversificaram-se e foram aperfeiçoados.

Os óleos essenciais provêem de diferentes partes das plantas: pétalas, raízes, caule, rebentos, sementes, seiva, folhas ou casca. Dependendo do tipo de planta em questão os óleos concentram-se num local distinto, pelo que o método de extracção ideal também varia em função da planta.

Os óleos essenciais caracterizam-se por serem extremamente voláteis, insolúveis na água e evaporarem muito rapidamente logo que expostos ao ar. Assim, pode tornar-se deveras complicado extrair os óleos essenciais antes de estes evaporarem. São vários os métodos de extracção existentes. Os industriais encontram-se bastante sofisticados, no entanto, existem diversos métodos de extracção caseiros que lhe permitirão obter as suas próprias essências.

Expressão a frio: trata-se de um método muito utilizado para a extracção de citrinos (como o limão, a laranja, a bergamota, a tangerina, a lima). Este método de extracção apresenta a vantagem de não submeter os óleos essenciais a temperaturas elevadas, porém estes entram em contacto com a água, pelo que se dissipam importantes componentes hidrossolúveis.Em casa pode simular este método, bastando para tal descascar os frutos e reservar a parte externa da casca, local onde se acumulam as essências. Posteriormente, corte as cascas em pedaços e coloque-as num pano de linho ou algodão. Depois, sobre uma tábua, triture-as tanto quanto possível. Por último, colha o líquido que escorre no pano para um pequeno frasco, que deve ser hermeticamente conservado e prontamente fechado para evitar a evaporação dos óleos essenciais.

Extracção com solventes: neste método são empregues solventes para extrair óleos essenciais, sendo particularmente utilizados em matérias orgânicas. A extracção com solventes compreende os seguintes métodos:

- Maceração: Para extrair as suas próprias essências em casa, utilizando este método, necessita de macerar num óleo as suas flores preferidas (jasmim, rosas, madressilva) até que este fique totalmente impregnado com o aroma das flores e de escolher um óleo veicular. Uma forma muito simples de o fazer consiste em colocar num recipiente de cobre 1 parte de pétalas de flores e 2 partes de um óleo (óleo de amêndoa ou girassol). Posteriormente, aquece-se esta infusão, lentamente, durante 3 horas. No final, filtram-se as flores, espremendo-as energicamente e reserva-se a solução resultante num local fresco, afastada do sol.

- Enfleurage: método tradicionalmente utilizado para extrair óleo essencial de flores delicadas como o jasmim e a rosa, que consiste em colocar camadas de pétalas sobre um vidro, cobertas com um óleo morno e muito gorduroso (antigamente utilizava-se banha de porco ou cera). Os vidros onde se encontram as rosas são, posteriormente, sobrepostos. No final de algumas semanas as flores começam a detiorar-se, sendo substituídas por flores frescas. A gordura que reveste as flores e absorve as suas essências é depois submetida a uma lavagem com álcool para que lhe sejam removidas as essências absorvidas. Porém, o álcool evapora-se, originando, deste modo, óleos essenciais muito concentrados, conhecidos como absolutos. Este é um método que exige muita diligência e elevados custos, mas que é bastante utilizado pelos produtores de perfumes.

- Extracção com dióxido de carbono: trata-se de um método recente, que emprega temperaturas mais baixas relativamente às da destilação, o que o torna num método menos agressivo para as plantas. Consiste em colocar as plantas num tanque de aço inoxidável, posteriormente injectado com dióxido de carbono, que aumenta a pressão do tanque. Quando submetido a altas pressões, o dióxido de carbono liquidifica-se, actuando como um solvente que permite extrair os óleos essenciais das plantas. Seguidamente, a pressão diminui e o dióxido de carbono volta ao estado gasoso, não deixando, assim, quaisquer vestígios.

Óleos Essenciais


Os Óleos Essenciais são substâncias líquidas extraídas das folhas, caules, raízes e madeira, que contêm aromas e outras propriedades terapêuticas.

Desde a Antiguidade que o Homem tem uma relação especial com as plantas aromáticas, tendo-as utilizado para a elaboração de remédios e perfumes. Conhecidas personalidades da História Universal, como Cleópatra, conheciam e tiravam proveito dos poderes curativos das plantas.

Depois de algum tempo na penumbra, a atenção dos cientistas voltou a centrar-se nas plantas, onde pensam poder encontrar a cura para muitas doenças até hoje consideradas incuráveis. Está, hoje, cientificamente provado que os Óleos Essenciais podem contribuir de uma forma muito positiva para o nosso bem-estar físico e emocional.

Existem formas muito simples de utilização dos óleos Essenciais:

Banho: os banhos aromáticos com óleos essenciais são altamente terapêuticos, particularmente no caso de lesões e dores musculares, fadiga e stress. São óptimos para aliviar as tensões da sua rotina, para libertar o espírito e relaxar. Escolha um óleo essencial da sua preferência e verta 3-6 gotas na água no banho. Se utilizar dois óleos essenciais verta 3 gotas de cada um, no máximo. Uma combinação muito simples e relaxante é composta por 3 gotas de alfazema e 3 gotas de sândalo. Os Óleos Essenciais não são solúveis na água, por isso antes de os verter na água do banho dissolva-os com um pouco de leite.

Inalação:este método é muito eficaz no que concerne ao alívio dos sintomas de constipação, gripe e sinusite. É também muito útil no alívio da tensão nervosa e de dores de cabeça. Num recipiente coloca água (muito quente, mas não a ferver) e 2 a 4 gotas de óleo essencial de eucalipto. Depois cubra a sua cabeça com uma toalha e inale o vapor aromático que exala da água durante 15 a 20 minutos.

Massagem: a massagem é muito eficaz no alívio do mau estar físico. Antes de utilizar qualquer óleo essencial numa massagem necessita de diluí-lo num óleo veicular (veja Óleos Veiculares). A maioria dos óleos essenciais não podem ser aplicados directamente sobre a pele, pois além de serem tóxicos, podem causar alergias, queimaduras e náuseas (veja Precauções). Ao massajar o corpo com óleos essenciais pode combinar eficazmente as suas propriedades terapêuticas com os efeitos benéficos da própria massagem. Para elaborar uma solução que lhe permita massajar todo o corpo dilua 10 gotas de óleo essencial em 20 ml (4 colheres de chá) de óleo veicular.

Compressas: as compressas aromáticas são muito eficazes no alívio de dores e na redução de inflamações. As de água fria são aconselhadas para dores de cabeça, febre, inflamações, queimaduras e entorses recentes. As de água morna ou quente acalmam as dores menstruais, dores de ouvidos, quistos, lesões antigas e dores musculares. Para utilizar este método aplique na zona afectada um pano ou gaze embebido numa mistura de óleo essencial, óleo veicular e água.



Perfumes


A palavra “perfume” vem dos étimos latinos “per fumum”, que significam “através do fumo”. Com efeito, as primeiras fragrâncias eram obtidas através do fumo, e utilizadas nos ritos de homenagem e oferendas aos deuses.


As origens do perfume misturam-se, assim, com a religião. O perfume foi inicialmente utilizado como purificante da alma e como objecto de oferendas feitas aos deuses. As civilizações egípcia, grega e romana valorizavam muito as plantas aromáticas.

No Egipto, as fragrâncias eram sagradas e acreditava-se que a sua utilização aproximava o ser humano dos deuses. Mais tarde, os gregos e romanos transformaram os perfumes em objectos de higiene pessoal.

Durante a Idade Média foram utilizados para combater a propagação de epidemias que então assolavam a Europa. Com o advento do Cristianismo o seu uso decresceu, pois era conotado com a falta de pudor. Ainda assim, o uso de perfume continuava a ser popular entre as classes mais favorecidas.

No século XVII, o uso de perfume aumentou. Na época, em França, celebrizou-se o uso de luvas perfumadas. Este país permaneceu, desde então, como centro europeu de pesquisas, fabrico e comércio de perfumes. No século I d.C. foi inventado o vidro, que permitia conservar o perfume em melhores condições. Até então, os perfumes eram guardados em garrafas de barro e estanho. Entre os finais do século XIX e os inícios do século XX começaram a ser fabricados requintados frascos para perfumes. Actualmente, o design dos frascos faz parte do marketing da indústria dos perfumes.

- Cítricos: obtidos a partir da casca de frutas como a bergamota, a tangerina, o limão e a laranja.
- Florais: agrupa perfumes cujo tema principal é a flor: bouquet floral, floral verde, floral aldeídico, floral amadeirado, entre outros.
- Filifolhas: perfumes com notas de lavanda, bergamota e gerânio.
- Chipre: família que agrupa perfumes baseados principalmente nos acordes do patchouli, da bergamota e da rosa.
- Amadeirados: inclui perfumes com notas suaves como o sândalo e o patchouli, algumas vezes secas como o cedro e o vetiver, outras com notas de lavanda e cítricas.
- Âmbar: deste grupo fazem parte os perfumes com notas suaves e abaunilhadas, conhecidos como orientais.
- Couro: perfumes muito peculiares, com notas secas, que tentam reproduzir o odor característico do couro, da madeira queimada e do tabaco.

A indústria de perfumes utiliza actualmente um vasto e diverso número de matérias-primas. A raridade das espécies utilizadas, a morosidade dos processos de elaboração das essências e a elevada quantidade de matéria-prima necessária tornam os óleos essenciais muito dispendiosos. O óleo mais utilizado pela perfumaria, e também o mais caro, é o óleo de rosas. São necessárias 2 toneladas de pétalas frescas, em plena florescência, para produzir apenas 1Kg de óleo essencial de rosas!



domingo, 29 de novembro de 2009

O Pai Nosso Templário

SENHOR, perdoa-me se não rezo a oração que teu filho nos ensinou, pois julgo-me indigno de tão bela mensagem. Refleti sobre esta oração e cheguei às seguintes conclusões:

Para dizer o PAI NOSSO, antes devo considerar todos os homens, independentemente de sua cor, raça, religião, posição social ou política, como meus irmãos, pois eles também são teus filhos; devo amar e proteger a natureza e os animais, pois se tu és meu pai, também és meu criador, e quem criou a mim, também criou a natureza.

Para dizer QUE ESTAIS NO CÉU, devo antes fazer uma profunda análise em minha consciência, procurando lembrar-me de quantas vezes te julguei como um celestial pai, pois, na realidade, sempre vivi me preocupando com coisas materiais.

Para dizer SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME, devo antes verificar se não cometi sortilégios ao adorar outros deuses até acima de ti.

Para dizer VENHA À NÓS O VOSSO REINO, devo antes examinar minha consciência e procurar saber se não digo isto apenas por egoísmo, querendo de ti tudo, sem nada dar em troca.

Para dizer SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, devo antes buscar meu verdadeiro Ser e deixar de ser um falso Cristão, pois a tua vontade é a união fraternal de todos os seres que criaste.

Para dizer ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU, devo antes deixar de ser mundano e me livrar dos desenfreados prazeres, das orgias, do orgulho e do egoísmo.

Para dizer O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE, devo antes repartir o pão que me destes com os meus irmãos mais carentes e necessitados, pois é dando que se recebe; é amando que se é amado.

Para dizer PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO TEMOS PERDOADO À QUEM NOS TEM OFENDIDO, devo antes verificar se alguma vez tornei a estender a minha mão aquele que me traiu; se alimentei àquele que me tirou o pão; se dei esperanças e acalentei àquele que me fez chorar; pois só assim terei perdoado àquele que me ofendeu.

Para dizer E NÃO NOS DEIXAI CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRA-NOS DO MAL, devo antes deixar limpo o foco de meus pensamentos; amparar a mão estendida; socorrer o pedido de aflição; alimentar a boca faminta; iluminar os cegos e amparar os aleijados, ajudando a construção de um mundo melhor.

E final mente, para dizer AMÉM, deverei fazer tudo isso agradecendo ao meu Criador, cada segundo de minha vida, como a maior dádiva que poderia receber. No entanto Senhor, embora procure assim proceder, ainda não me julgo suficientemente forte, no intuito de tudo isto te prometer e cumprir. Perdoa-me, Senhor meu Pai, porém minha perfeição a tanto ainda não chegou.

sábado, 31 de outubro de 2009

ESTUDO SOBRE V.I.T.R.I.O.L.

No ritual da Iniciação maçónica, templária, rosacruz ou outra do género (consignada pela Tradição Hermética das Idades), o neófito/aprendiz em dado momento se vê confrontado em sua "câmara de reflexão" face à expressão V.I.T.R.I.O.L. e frequentemente não tem a menor ideia do que se trata.

A Pedra Filosofal dos antigos alquimistas leva ao entendimento de que a palavra em si não é outra coisa senão a profunda descoberta de si mesmo, na solidão no seio da Terra, ou, doutro modo, é o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e à Sociedade em geral.

Efectivamente a palavra VITRIOL, que se escreve com 7 letras, é a frase mais misteriosa e secreta que se conhece, a verdadeira Palavra-Passe ou o "Ábre-te Sésamo" para o Mundo Oculto dos Deuses ou dos Homens Semi-Deuses, e cujo sentido real e profundo até hoje não foi decifrado senão por Aqueles que têm o direito a adentrar o mais sublime de todos os Tabernáculos localizado no interior da Terra.

“VISITA INTERIOREM TERRAE RECTIFICANDOQUE INVENIES OCCULTUM LAPIDEM”, ou seja, Visita o Interior da Terra Rectificando Encontrarás a Pedra Oculta.

A "pedra oculta" é a PEDRA DO SÁBIO que se pode transformar na PEDRA FILOSOFAL, a pérola da Filosofia Divina, e é esta que torna o homem num ser sublime, mais evoluido, justo e perfeito, no trajecto da Vida Universal. Tal é o objectivo do verdadeiro iniciado (Maçon, Templário, Rosacruz ou outro) que busca o conhecimento Sagrado e Divino. Porém...

«Hoje não conheceis mais a "palavra-passe" egípcia, que era pronunciada à entrada do Templo. Susbstitui-a, pois, aquela outra latina, que prova estar em justo e perfeito equilíbrio com o Templo, como o obreiro ou o construtor do Edifício Humano. Sim, estar JUSTUS ET PERFECTUS. A mão direita e o pé do mesmo lado firmavam na Terra o Compasso e o Esquadro, além do mais para dignificar também o "Quaternáreo Terreno". Este está representado na Tragédia do Golgota - nas 4 letras JNRJ que não quer dizer apenas JESUS NAZARENUS REX JUDEORUM, enquanto o indeformável Triângulo que figura no Templo Maçónico está no mesmo "Corpo Eucarístico" de Jesus, representado pelas 3 letras J.H.S. entre os 'dois ladrões' onde foi crucificado, ladeado por “Duas Colunas” vivas, Jakim e Bohaz, cujas iniciais J e B também figuravam nas duas cidades onde o mesmo Jesus nasceu e morreu: Belém e Jerusalém. São ainda as mesmas iniciais de João Baptista (seu Arauto ou Anunciador JOKANAN). Quanto ao termo "João Baptista" - hoje com significado mais misterioso do que outrora e relacionado com o Culto de Melkisedeque -, cumpre esclarecer que se acha estreitamente ligado ao Rito ADONHIRAMITA de Adam, Hiram, e Ita, Mita ou Mitra». ( In "Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria" de Dr. Victor Manuel Adrião).

Por fim, a palavra VITRIOL não só simboliza a constante busca do homem para melhorar a si mesmo, polindo a “pedra bruta” da personalidade humana (o seu ego-inferior) para que um dia brilhe a sua Individualidade (o Eu Superior) que surge como um diamante diáfamo pela limpeza da alma ou pureza em seu coração (chakra cardíaco ou plexo-solar). A palavra V.I.T.R.I.O.L. vai além do trabalho do homem sobre si mesmo, e significa também um Lugar Oculto no Interior da Terra, que é conhecido há milhares de anos pelos Lamas Tibetanos e Mestres Hindus ou Brahmanes como o Reino de Agharta (AG - Fogo; HARTA - Coração = Coração de Fogo), onde vive uma Civilização avançada em milhares de anos, sob um Sol Central que ilumina Shamballah, a "Shangri-lá, a Morada Eterna do Rei do Mundo, onde vivem os Santos e Sábios Homens que de tempos a tempos surgem na superfície para instruir a Humanidade.

domingo, 27 de setembro de 2009

O Martinismo e o Movimento Gnóstico

Jules-Stanislas Doinel nasceu em 1842 em Moulins, no Allier. Doinel surge ligado a este assunto por ter sido um personagem essencial de um movimento neocátaro que surgiu no final do século passado em França. A sua carreira de arquivista e paleógrafo iniciou-se nos Archives du Cantal, e posteriormente na Biblioteca de Loiret. Foi nesta última que ele encontrou algo que aparentemente mudou a sua vida: uma carta com a assinatura de um chanceler episcopal, de nome Etienne, que fora queimado em 1022, por heresia.

Talvez se inicie aqui a história da Igreja Gnóstica, pois foi através desta carta que Doinel tomou conhecimento do grupo sectário do qual Etienne fazia parte. Tratava-se de uma seita de popelicanos, da qual faziam parte homens e mulheres de forma indistinta, e que se estabeleceu na diocese de Orleães, no século XI, durante o reinado de Roberto II. Os membros desta seita eram dualistas, ou seja, acreditavam na luta eterna entre as forças do Bem e do Mal.

As reuniões da seita tinham lugar em Orleães. Doinel descobriu que uma mulher Eslava tinha vindo da península itálica para participar nos encontros, o que indica se tratar de alguém com importância para os membros da seita. Possivelmente, a mulher seria uma bogomil, o nome pelo qual são conhecidos os cátaros Eslavos. Doinel conseguiu obter várias informações sobre o que se passava nas reuniões dos popelicanos, possivelmente lendo os documentos relativos ao processo do herético Etienne. As reuniões principiavam com todos os participantes entoando litanias com uma vela acesa na mão.

Doinel filiou-se a diversas Ordens ocultistas no intuito de obter informações e respostas as suas perguntas e percebeu que as pessoas que tinham uma espiritualidade mais avançada participavam secretamente de sessões do espiritismo kardecista. Começou então a freqüentar o kardecismo e ficou muito surpreso, quando viu figuras conhecidas do ocultismo participando das chamadas “mesas falantes”. Começa então a se dedicar em seu desenvolvimento mediúnico, sempre com o objetivo de obter respostas para o seu intrigante manuscrito.

Foi então que, numa determinada sessão, na presença de vários espíritas conhecidíssimos sete Entidades espirituais manifestaram-se na seção. Um deles incorporou em Jules Doinel e os demais seis se materializaram na presença de todos os presentes. Era a resposta que Doinel procurava! Tratava-se dos mártires cátaros que foram queimados na fogueira da inquisição, e que teriam manifestado naquele dia para consagrar Jules Doinel como Bispo Gnóstico e outorgar-lhe a missão de restaurar a Igreja Gnóstica no mundo.

Doinel, sentindo-se extremamente realizado, voltou aos grupos ocultistas que participava, e com o aval dos altos dignitários das Ordens mais respeitadas da França, e que outrora presenciaram secretamente o fenômeno, instituiu a Igreja Gnóstica.

Logo em seguida Doinel fez uma aliança com Papus – Grão Mestre e um dos membros fundadores da ordem Martinista, consagrando-o Bispo. Papus em retribuição, e sentindo a força da Iniciação recebida de Doinel, decretou que a Igreja Gnóstica seria a Igreja oficial dos Martinistas.

Não demorou muito para a Igreja crescer. Pessoas de várias partes do mundo vinham ver o que era aquilo que todos chamavam de “a nova revelação”.

Anos se passaram; Doinel, extremamente instável e assustado com o crescimento da Igreja, e que tinha formação católica, viu-se num dilema entre a fé e a razão, e guiado pela fé, arrependeu-se de sua obra, renunciando ao patriarcado da Igreja e nomeando o Bispo Jean Bricaud como novo patriarca.

Jean Bricaud, agora patriarca, transformou a Igreja Gnóstica em uma organização sólida, tão sólida que recebeu a sucessão apostólica original de um Bispo ortodoxo (da Igreja Sirio-Jacobita), que tinha se convertido ao gnosticismo.
Assim, a Igreja Gnóstica, além de sua sucessão cátara, agora possuía a sucessão apostólica, o que a colocaria numa posição confortável perante Roma.

A grandeza da Igreja Gnóstica, agora reconhecida por Roma provocou um enorme arrependimento em Jules Doinel, que se sentiu traidor de sua missão. Pediu um encontro com Jean Bricaud para voltar a Igreja. Nesse encontro, Jean Bricaud fez questão de reunir todo o Sínodo para testemunhar a conversa, onde Doinel, após explicar sua situação para Bricaud, insistiu em ser recebido de volta à Igreja Gnóstica como Patriarca.

Bricaud, explicou a Doinel as razões legais e espirituais para recusar a oferta. Então, por decisão do Sínodo da Igreja, Doinel voltou, não como patriarca, mas sim como Bispo. Era a primeira vez na história que um patriarca vivo voltava a condição de Bispo.

Em seu leito de morte havia um crucifixo e uma medalha de Abraxas (divindade Gnóstica). Sua vida, cercada de excentricidade, foi marcada pela solidão e pelo arrependimento. Suas últimas palavras foram de agradecimento aos mártires cátaros. Testemunhas documentaram que ao último suspiro de Doinel, uma névoa branca tomou conta do aposento e, na presença de todos, Doinel aparece em pé, em forma etérea acima de seu corpo que estava deitado na cama, com uma coroa e um cetro patriarcal, e ao seu lado, três anciãos o escoltavam em direção aos céus.

Originalmente, a Igreja Gnóstica recebeu uma doutrina essencialmente cátara, dando ênfase à pureza e a castidade. Tinha apenas 4 graus: Acólito, Diácono, Sacerdote e Bispo. Este foi o modelo original, criado por Jules Doinel e que ainda existe em algumas organizações.

Posteriormente, o Patriarca Jean Bricaud acrescenta mais 4 graus: Tonsurado (ou Clérigo), Leitor, Exorcista e sub-Diácono, totalizando 8 graus. Assim iniciava dentro da Igreja Gnóstica um caminho operativo, tornando-a uma Ordem Iniciática, diferente da proposta de Doinel, que seguia a via da contemplação.

A doutrina pregada por Jean Bricaud tinha por base o catarismo, mas com fortes influências maçônicas e ocultistas.

Essa doutrina durou alguns anos, até que Jean Bricaud introduziu elementos do cristianismo ortodoxo na Igreja, chegando até a consagrar alguns Arquimandritas, que caracterizava os cleros branco (sem celibato) e negro (celibatário) da Igreja Ortodoxa.

A doutrina ortodoxa foi logo retirada da Igreja, pois Jean Bricaud sentiu que estava fugindo das origens de Doinel, ficando somente as influências Maçônicas e ocultistas.

Com a rápida expansão da Igreja e, devido a autoridade e independência dos Bispos, a Igreja Gnóstica ganha cada vez mais ramificações.

Assim, existem várias ramificações da Igreja Gnóstica, que recebem os nomes de seus idealizadores:
-O ramo de Jules Doinel
-O ramo de Jean Bricaud;
-O ramo de Aleister Crowley
-O ramo de Krum Heller
-O ramo de Samael Aum Weor
-O ramo Lucien Jean Maine

Estes ramos citados são os mais antigos e conhecidos, mas existem dezenas de outras linhagens.

Algumas destas Escolas praticam uma Gnose mais pura, baseada nas culturas pré-cristãs, com forte influência oriental.
Outras Escolas praticam uma Gnose com fortes influências judaico-cristã-islâmica.

Mas ainda existe uma terceira manifestação da Gnose, baseada nos ensinamentos de Carl Gustav Yung. Esta Escola baseia sua Gnose na psicologia, dando ênfase na interpretação das reações psicológicas do homem e sua relação com o universo. Nesse ramo não existe clero nem sistema de graus, sendo apenas uma metodologia de trabalho interior.

Um ponto em comum a todas estas Escolas é a Grande Virgem da Gnose, Sofia, que é de fato a grande manifestação egregórica da Gnose. Representa a base da doutrina e mãe de todas as organizações gnósticas, inspirando a Igreja do invisível. Abaixo dela está São Miguel Arcanjo (ou Mikael), que é o guardião da Igreja, agindo de forma disciplinadora. Sua influência estende-se tanto a clérigos quanto a fiéis da Igreja Gnóstica. E completando a Trindade de comando espiritual da Igreja está o Mestre Desconhecido, um Ser Espiritual que comanda a Igreja como um Patriarca invisível, sendo o responsável pela administração e transmissão da Gnose no mundo.

Movimentos Rosacruzes

Assim como a Maçonaria se intitulava uma Sociedade Secreta, assim também eram os Rosa-Cruzes [cada corrente adota uma maneira especial de grafia: Rosacruz, RosaCruz, Rosa-Cruz, Rosa Cruz]. Hoje, os movimentos Rosacruz são considerados uma Irmandade Secreta, ocultista-cabalística-teosófica, que pretende ter conhecimentos e sabedoria esotérica preservados do mundo antigo. O tema central dos antigos rosa-cruzes era a reforma geral do mundo. A idéia da Reforma, que no âmbito da Igreja começou com Lutero e seus seguidores, mas que depois ficou atolada no pântano das instituições, teria de ser reavivada e difundida. Agora não se tratava mais de reformar a Igreja, mas na verdade, segundo princípios esotéricos, de reformar o mundo. Os rosa-cruzes assumiam a consideravam como oponentes os jesuítas e os que fossem contra a Reforma. Eles achavam que as pessoas inteligentes de todo o mundo deveriam unir-se para melhorar a sorte da humanidade e aprofundar seus conhecimentos sobre Deus e a Natureza. Pode-se afirmar que o rosacrucianismo é um tipo de sociedade religiosa eclética, pois admite em seu quadro associativo pessoas de todas as religiões. Tem seus sinais de reconhecimento, palavras de passe e apertos de mão, e também diversos graus hierárquicos, havendo cerimônias especiais para a entrada nesses graus. Alguns historiadores sugerem a sua origem num grupo de protestantes alemães, entre 1607 ou 1616, quando três textos anônimos foram elaborados e lançados na Europa. O ano de 1582 foi o ano de mudança de calendário da humanidade. O calendário dito “juliano” cedeu ao “calendário gregoriano”: o dia 5 de outubro de 1582 passou a ser 15 de outubro de 1582. Este fato suscitou impressão sinistra nos povos europeus, já abalados pela revolução marítima, geográfica e histórica do séc. XVI: imaginaram alguns que o mundo estava para acabar, e sombrias profecias se espalhavam pela Europa Central… É sobre este pano de fundo apavorado e dado a alta imaginação que tem origem a Rosa-Cruz. A história dos rosa-cruzes teve início na pequena cidade alemã de Kassel no ano de 1614, com a publicação de um pequeno manifesto anônimo de 38 páginas intitulado “Fama Fraternitatis R. C. - Reforma geral e comum de todo o amplo mundo” (ou Chamado da Fraternidade da Rosacruz), com um subtítulo, “Mensagem da Irmandade da altamente digna de louvor Ordem de Rosa-Cruz a todos os sábios e líderes da Europa” (vinda da tipografia de Wilhelm Wessel) – ainda que cópias manuscritas do mesmo já circulassem desde 1611, em determinados meios seletos. Ele foi seguido, um ano depois, pelo Confessio Fraternitatis (Confissões da Fraternidade) e, em 1616, por O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz. Esses três documentos estabeleceram a história, os estatutos e o programa de uma fraternidade até então desconhecida, chamada de a “Ilustre Ordem dos Rosa-cruzes”. Em uma época de enorme tumulto político e religioso, esses documentos louvavam a importância da ética, da moral e da espiritualidade, que poderiam salvar o homem dos erros ocasionados pelos costumes mundanos. Os textos alcançaram um público crescentemente numeroso, e foram republicados em vários países. A Europa inteira tomou-se de entusiasmo pelo personagem que ocupava o centro desses novos ensinamentos, um personagem de perfil lendário: Christian Rosenkreutz. Outros dois documentos sucederam-no: Confessio Fraternitatis (”Confissões da Fraternidade Rosacruz”) (1615), publicado simultaneamente em Kassel e Frankfurt, e Chymische Hockeit Christiani Rosenkreuz (”Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz”) (1616), publicado na então cidade independente de Estrasburgo (posteriormente anexada pela França, em 1681). Essa declaração anônima causou um grande estardalhaço tanto na Corte como na cidade, conforme provado nas “memórias” e anais da época. Difundiram-se os boatos mais contraditórios. A publicação destes textos provocou imensa excitação por toda a Europa, provocando inúmeras re-edições e a circulação de diversos panfletos relacionados com os textos, embora os divulgadores de tais panfletos pouco ou nada soubessem sobre as reais intenções do(s) autor(es) original(ais) dos textos, cuja identidade ficou desconhecida durante muito tempo. A sociedade européia da época, dilacerada por guerras, tantas vezes originadas por causa da religião, favoreceu a propagação destas idéias que chegaram, em pouco tempo, até a Inglaterra e a Itália. A perturbação causada pela Guerra dos Trinta Anos que irrompeu na Europa deve ter tido algo a ver com isso também. Em Paris, em 1622 ou 1623, foram colocados posters nas paredes, que incluiam o texto: “Nós deputados do principal colégio dos irmãos da Rosa-Cruz, constituímos residência visível e invisível nesta cidade, pela bondade do Altíssimo, para o qual estão voltados os corações dos justos. Mostramos e ensinamos a falar todas as espécies de línguas, para que possamos livrar os homens, nossos semelhantes, de erro mortal” (…) “Os pensamentos ligados ao desejo real daquele que busca irá guiar-nos a ele e ele a nós”. Em uma Europa dilacerada por guerras religiosas entre católicos e protestantes, o conteúdo dos manifestos rosa-cruzes encontrou solo fértil. Os panfletos circularam rapidamente e logo as idéias da fraternidade eram assunto de conhecimento geral. Havia diversas razões para tal sucesso. Os objetivos da ordem correspondiam aos propósitos sociais, espirituais e intelectuais das novas elites literárias e científicas européias. Muitas pessoas se sentiam atraídas pela mentalidade progressista da fraternidade, visto que, quando se tratava de admitir novos membros, os rosa-cruzes não faziam distinção de raça, sexo ou posição social. Muitos alquimistas e “místicos” puseram-se a procurar alguma sede da Rosa-Cruz para nela ingressar. Todavia ninguém encontrava núcleo algum da mesma. Aparentemente sem um corpo dirigente central, assumem-se como um grupo de “Irmãos” (Fraternidade). Em conseqüência, os admiradores mais hábeis tentaram organizar eles mesmos, e segundo os padrões indicados nas citadas obras anônimas, Sociedades Secretas ditas “Rosa-Cruz”. Principalmente na Renânia (Alemanha) fundaram-se numerosos grupos de Irmãos Rosa-Cruz. Nomes como Michael Maier e Robert Fludd apareciam como admiradores das doutrinas rosacruzes. Logo após terem sido lançados, uma série de outros textos, livros e panfletos surgiram como resposta, alguns defendendo, outros atacando os textos originais. Entre os anos de 1618 e 1625 existiram aproximadamente 20.000 publicações direta ou indiretamente relacionadas com o Rosacrucianismo editadas por admiradores externos que desejavam apoiar o movimento ou, na maioria dos casos, por inimigos tentando subvertê-lo e desacreditá-lo através da publicação de alegações que consideravam absurdas. Durante esse período, uma série de organizações também teriam a sua vez nos anos que se seguiram a publicação dos primeiros manifestos rosacrucianos. O mito Rosacruz estava finalmente estabelecido.

domingo, 6 de setembro de 2009

Paracelso

Paracelso.

Paracelso, pseudônimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, (Einsiedeln, 17 de dezembro de 1493 — Salzburgo, 24 de setembro de 1541) foi um famoso médico, alquimista, físico e astrólogo suíço.

Seu pseudônimo significa "superior a Celso (médico romano)". Entre todas as figuras erráticas do renascimento, a de Paracelso está pontada pela agitação da sua vida e pela a incoerência das suas opiniões e doutrinas. No estudo da sua biografia, facto tem sido gradualmente separado da fantasia, mas nenhum acordo foi alcançado no que respeita bem quanto à natureza e sentido de seu ensino. Ele é considerado por muitos como um reformador do medicamento. Outros elogiam suas realizações em Química e como fundador da Bioquímica. Ele aparece entre cientistas e reformadores como Andreas Vesalius, Copérnico e Agricola, e, portanto, é visto como um moderno. Por outro lado, sempre possuiu uma aura de místico e até mesmo obscura reputação de mágico.

Durante séculos o seu trabalho tem sido criticado como não-científico, fantástico e na fronteira com a demência sendo que muitas de suas obras são puramente religiosas, sociais e éticas de caráter.

Infância...

Paracelso nasceu em Einsiedeln, uma pequena localidade da Suíça. Era suábio e sua mãe era suíça. Filho de Wilhelm Bombast, médico e alquimista, e neto de Georg Bombast von Hohenheim, grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros de São João, o jovem de baixa estatura, gago e corcunda, aos três anos de idade, foi atacado por um porco que lhe mutilou o genital, fato que somado a sua aparência física, proporcionou-lhe um complexo de inferioridade que seguiu por toda a vida. Na infância, Paracelso acompanhava seu pai viajando pelos povoados da terra natal, observando a manipulação das ervas usadas para curar doentes daquela região. Dessa forma, passou a apreciar a atividade paterna. As primeiras noções sobre Teologia, Alquimia e Latim foram transmitidas por seu pai. Ainda muito jovem, foi enviado à escola de Beneditinos do Mosteiro de Santo André. Lá, conheceu o notável alquimista Eberhard Baumgartner.

Formações acadêmicas...

Foi educado na Áustria e quando jovem trabalhou em minas como analista. Formou-se em Medicina na Universidade de Viena em 1510, quando tinha dezessete anos. Especula-se que ele tenha feito o seu doutorado na Universidade de Ferrara.

Viagens...

Viajou para vários lugares do mundo, em busca de novos conhecimentos médicos e insatisfeito com o ensino tradicional que recebeu na academia. Foi para o Egito, Terra Santa, Hungria, Tartária, Arábia, Polônia e Constantinopla procurando alquimistas de quem pudesse aprender algo. Ao passar pela Tartária, conhecido como Reino do Grande Khan, Paracelso conseguiu curar o seu filho.

Regresso à Europa

No retorno de Paracelso à Europa, seus conhecimentos em tratamentos médicos tornaram-no famoso. Ele não seguia os tratamentos convencionais para feridas, que consistiam em derramar óleo fervente sobre elas; se as feridas estivessem em um membro (braço ou perna), esperava-se que elas ficassem em gangrena para então amputar o membro afetado. Paracelso acreditava que as feridas se curariam sozinhas se o pus fosse evacuado e a infecção fosse evitada.

Ele rejeitava as tradições gnósticas, mas manteve muitas das filosofias do Hermetismo, do neoplatonismo e de Pitágoras; de qualquer modo, a ciência Hermética tinha tantas teorias aristotélicas que a sua rejeição do Gnosticismo era praticamente sem sentido. Em particular, Paracelso rejeitava as teorias mágicas de Agrippa e Flamel. Ele não se achava um mago e desprezava aqueles que achavam que fosse.

Paracelso foi um astrólogo, assim como muitos (se não todos) dos físicos europeus da época. A Astrologia foi uma parte muito importante da Medicina de Paracelso. Em um de seus livros, ele reservou várias seções para explicar o uso de talismãs astrológicos na cura de doenças. Criou e produziu talismãs para várias enfermidades, assim como talismãs para cada signo do Zodíaco. Ele também inventou um alfabeto chamado "Alfabeto dos Reis Magos" e esculpiu nos talismãs nomes angelicais.

Visão e doutrina

A distinta natureza da filosofia de Paracelso é consequência da visão cosmológica, teológica, filosofia natural e medicina à luz de analogias e correspondências entre macrocosmos e microcosmos. As especulações acerca dessas analogias tinham seriamente empenhado a mente humana desde o tempo pré-Socrático e Platônico e durante toda a Idade Média. Paracelso foi o primeiro a aplicar essas especulações para o conhecimento da natureza sistemática.

Isso associado com a singular posição que ele assume no que diz respeito à teoria e à prática de aquisição de conhecimentos em geral, quebrou longe do ordinário lógico, antigo e medieval e moderno, seguindo as suas próprias linhas, e é nisto que muito do seu trabalho naturalista encontra explicação e motivação.

Segundo Paracelso, se o homem, o clímax da criação, une em si mesmo todos os componentes do mundo em torno dele como minerais, plantas, animais e corpos celestes, ele pode adquirir conhecimento da natureza de modo muito mais directo e "interna" do que a forma externa de consideração dos objetos pela mente racional. O que é necessário é um ato de atração simpática entre o interior representativo de um determinado objeto, na própria constituição do homem e o seu homólogo externo. A união com o objeto é então o soberano meio de adquirir conhecimento íntimo e total. Esta não é alcançada pelo cérebro, a sede da mente racional. E é num nível mais profundo, à pessoa como um todo, que é dado o conhecimento. É o seu corpo astral que ensina o homem. Por meio do seu corpo astral o homem comunica com a supraelementrariedade do mundo astral. Astrum é o contexto que denota não só o corpo celestial, mas a virtude ou atividade essencial de qualquer objeto. Isto no entanto não é atingido num estado racional de pensamento, mas sim em sonhos e transes fortificados por força de vontade e imaginação.

O que parece ser original em Paracelso, então, não é a teoria microcósmica em si mesma, nem a busca da união com o objeto, mas o emprego consistente desses conceitos como a ampla base de um elaborado sistema de correspondências na filosofia e medicina natural.

A morte de Paracelso

Voltou para Salzburgo em 1540, convidado pelo bispo da cidade. Faleceu em 24 de setembro de 1541 com apenas 47 anos, em um hospital, sonhando ter fabricado o Elixir da Vida. A causa de sua morte não foi esclarecida. Uma hipótese é que teria sido assassinato em 1541, como foi evidenciado na exumação de seus ossos, que mostrou uma fratura no crânio. O corpo foi velado na igreja de São Sebastião e, de acordo com o seu último desejo, foram entoados os salmos bíblicos 1, 7 e 30.

A fama de Paracelso aumentou com as suas curas milagrosas e, após sua morte, a sua fama cresceu ainda mais. Um século depois, centenas de textos paracelsianos foram publicados, referindo-se quase todos a medicamentos químicos. No final do século XVI, existia já uma imensa literatura sobre a nova matéria médica. Devido ao facto de a abordagem médica de Paracelso diferir tanto daquilo que era aceitável até então, estabeleceu-se uma enorme confrontação entre os paracelsianos e o sistema médico oficial em vigor até então, confrontação aguçada pelo impacto provocado pelos humanistas, que desdenhavam das obras de Dioscorides e de Plínio, ambos muito populares no final da Idade Média, e enalteciam trabalhos menos conhecidos, especialmente os tratados de fisiologia e anatomia de Galeno. Muitos médicos seguidores de Paracelso eram alemães; na França, a confrontação foi mais agravada pelo facto de muitos médicos paracelsianos serem huguenotes (protestantes, partidários de Calvino); na Inglaterra, tal confrontação foi menos tempestuosa, tendo sido adotados os medicamentos químicos, que eram utilizados simultaneamente com medicamentos tradicionais galénicos.

Nicolas Flamel

Nicolas Flamel, de acordo com uma gravura do século XVII.

Nicholas Flamel, célebre alquimista francês, nasceu por volta de 1330, perto de Pontoise, França, filho de uma família bastante pobre, mas que pôde lhe dar uma boa educação; jovem ainda ele foi para Paris, e lá se estabeleceu como escrivão público, sendo que era também livreiro juramentado da Universidade de Paris. Entre os serviços que estes escrivães prestavam estava o de copistas, pois na época ainda não havia imprensa e a cópia manual era a única maneira de se reproduzir um livro. Posteriormente Flamel passou também a trabalhar com compra e venda de livros.

Tudo indica que até esta época Flamel ainda não se interessava pela Alquimia mas, segundo relato seu, certa noite ele teve um sonho em que um anjo segurava um grande livro com capa de cobre, do qual lhe mostrou a página de guarda e disse: "Flamel, olha bem para este livro, não percebes nada do que ele contém, nem tu nem muitos outros, mas um dia verás nele o que ninguém seria capaz de ver."

O sonho se acabou aí mas não saiu da lembrança de Flamel, até que um dia ele se viu na presença do tal livro, que, por força de seu ofício, havia adquirido de alguém, como ele mesmo narra na sua obra Explicação das Figuras Hieroglíficas, ou O Livro das Figuras Hieroglíficas: "Pois eu, Nicholas Flamel, escrivão, logo que, após a morte dos meus pais, comecei a ganhar a vida com a nossa arte da escrita, fazendo inventários, pondo contas em ordem e suspendendo as despesas dos tutores de menores, veio cair-me nas mãos, pela soma de dois florins, um livro dourado muito velho e bastante grande; não era de papel ou de pergaminho, como são os outros, mas era feito apenas de delgadas cascas (segundo me parecia) de arbustos tenros.

A capa era de cobre muito fino toda gravada com letras ou figuras estranhas e, em minha opinião, creio que podia muito bem tratar-se de caracteres gregos , ou de uma outra língua antiga semelhante. Tanto assim que eu não era capaz de as ler e que sabia muito bem que não eram sinais ou letras latinas ou gaulesas, pois nós, disso percebemos um pouco. Quanto ao interior, as suas folhas de casca estavam gravadas e escritas com grande habilidade, com uma ponta de ferro, em belas e nítidas letras latinas coloridas.

Continha três vezes sete folhas (pois estas encontravam-se assim numeradas no alto da folha), a sétima das quais nunca estava escrita, e, em vez disso, tinha pintadas uma vara e serpentes a devorarem-se; na sétima folha a seguir, uma cruz em que uma serpente estava crucificada; e na última destas sétimas folhas estavam pintados desertos no meio dos quais brotavam fontes belíssimas, de onde saiam muitas serpentes que corriam por aqui e por ali.

Na primeira folha estava escrito, em grandes letras maiúsculas douradas: ABRAÃO O JUDEU, PRÍNCIPE, PADRE, LEVITA, ASTRÓLOGO E FILÓSOFO AO POVO DOS JUDEUS OU DISPERSOS PELA IRA DE DEUS NAS GÁLIAS, SALVE D. I. Depois disto, encontrava-se cheio de grandes blasfêmias e maldições (com a palavra MARANATHA, que estava repetida muitas vezes) contra toda a pessoa que pusesse os olhos nesse livro se não fosse sacrificante ou escrivão."

O próprio Flamel confessou que não entendeu nada do que continha o livro; a primeira folha só tinha o título do livro, a segunda trazia uma mensagem aos israelitas e a terceira falava da transmutação dos metais não-nobres em ouro e a sugeria como meio de pagar tributos aos imperadores romanos. Continha também um texto que dizia respeito à fabricação da Pedra-filosofal, que era relativamente claro, mas não mencionava qual era a matéria-prima a ser empregada nesta tarefa e isso passou a ser o grande problema de Flamel. Ele passou então a se dedicar à Alquimia, e tentava decifrar o livro para descobrir qual a matéria-prima que lhe permitiria obter a Pedra Filosofal, com a qual poderia transmutar os metais em ouro.

Apesar dos seus esforços Flamel não conseguia compreender o que era a matéria-prima, e além disso o anjo do seu sonho nunca mais se manifestara; ele fez então uma oração dirigida ao próprio Deus, em que pedia o êxito para seus esforços. É esta oração que, pela sua beleza, profundidade e riqueza de significado, julgamos ser de interesse do buscador espiritual e por isso a reproduzimos aqui. As informações e citações que utilizamos foram obtidas do livro O Ouro dos Alquimistas, de Jaques Sadoul (Edições 70, Lisboa, Portugal - Coleção Esfinge).

ORAÇÃO DE NICHOLAS FLAMEL

"Deus Todo-Poderoso, Eterno, pai da luz, de quem vêm todos os bens e todos os dons de perfeição, imploro a Vossa infinita misericórdia; permiti-me conhecer a Vossa infinita sabedoria; é ela que rodeia o Vosso trono, que criou e realizou, que conduz e conserva tudo.

Dignai-Vos enviar-me do céu o Vosso santuário, e do trono a Vossa glória, a fim de que seja e que opere em mim; é ela que é senhora de todas as artes celestes e ocultas, que possui a ciência e a inteligência de todas as coisas.

Fazei com que ela me acompanhe em todas as minhas obras, que, pelo seu espírito, eu obtenha a verdadeira inteligência, que eu proceda infalivelmente na arte nobre a que me consagrei, na pesquisa da miraculosa Pedra dos sábios, que escondestes do mundo, mas que costumais revelar pelo menos aos vossos eleitos.

Que essa Grande Obra, que devo executar neste mundo, a comece, a prossiga e a termine de modo feliz; que, contente, eu viva satisfeito para sempre. Peço-vos, por Jesus Cristo, a Pedra celeste, angular, miraculosa e firmada em toda a eternidade, que governa e reina convosco".

Vida de Flamel

Misteriosos símbolos alquímicos na tumba de Nicholau Flamel na Igreja dos Santos Inocentes em Paris.

Parece que após a morte de seus pais Flamel foi trabalhar em Paris como escrivão. Em 1364 casou-se com Dame Perrenelle, que era viúva. Conseguiu algum dinheiro e passou a dedicar-se ao estudo da alquimia.

Segundo a lenda, em torno de 1370, Flamel encontrou um antigo livro que continha textos intercalados com desenhos enigmáticos, a história de sua vida poderia ser resumida na guarda deste livro, mesmo após muito estudá-lo, Flamel não conseguiria entender do que se tratava. Segundo a lenda, ele teria encontrado um sábio judeu em uma estrada em Santiago, na Espanha, que fez a tradução do livro, que se tratava de cabala e alquimia, possuindo a fórmula para a pedra filosofal.

Flamel, a partir de 1380, começou a se dedicar à alquimia prática. Segundo conta-se, conseguiu produzir ouro em torno de 1382 e depois finalmente a transmutação em ouro. Cerca de dez anos mais tarde do início dos experimentos, começou a realizar um grande número de obras de caridade como a construção de hospitais, igrejas, abrigos e cemitérios e os decora com pinturas e esculturas contendo símbolos alquímicos e muito ouro.

Escreveu "O Livro das Figuras Hieroglíficas" em 1399, "O Sumário Filosófico" em 1409 e "Saltério Químico" em 1414.

Segundo parece tanto Flamel como sua esposa gozavam de uma saúde invejável e não aparentavam a idade que tinham, segundo alguns devido aos conhecimentos alquímicos dele.

Flamel faleceu em 22 de março de 1418, com mais de 80 anos, e sua casa foi saqueada por caçadores de tesouros e gente ávida por encontrar a pedra filosofal ou receitas concretas para sua preparação. A lenda conta que, na realidade, ambos, Flamel e Perrenelle, não morreram, e que em suas tumbas foram encontradas apenas suas roupas em lugar de seus corpos, eles teriam vivido graças ao elixir da longa vida, ao qual, Flamel também teria fabricado.

Flamel deixou um testamento escrito a seu sobrinho, em que revelava os segredos que descobrira sobre a alquimia. O "Testamento de Nicholas Flamel" foi compilado na França no final dos anos 1750 e publicado em Londres em 1806. O documento original foi escrito de próprio punho por Nicholas Flamel em um alfabeto codificado e criptografado que consistia em 96 letras. Um escrivão Parisiense chamado Father Pernetti o copiou e um Senhor de Saint Marc pôde finalmente quebrar o código em 1758.

Curiosidades

"Auberge Nicholas Flamel"; A casa de Nicolas Flamel, atualmente um restaurante.

  • A casa de Flamel em Paris, construída em 1407, ainda existe. Situa-se 51 rue de Montmorency, e é hoje um restaurante.
  • É citado na série Harry Potter como tendo realmente conseguido produzir a pedra filosofal. Ele a teria destruído no final do primeiro livro da série, "Harry Potter e a Pedra Filosofal".
  • Foi vivido pelo ator Edson Celulari na novela "Fera Ferida" (1993) como uma variação do personagem"
  • É citado também no livro O Código Da Vinci como sido um dos grão-mestres do Priorado de Sião.
  • Também citado em "A alquimia do Unicórnio"
  • Citado também no livro "A Profecia Voynich - Criança Índigo"
  • É citado também no livro O Manual do Bruxo de Allan Zola Kronzek e Elisabeth Kronzek.
  • Tem um papel bastante importante no livro "O Alquimista - Os segredos de o Imortal Nicholas Flamel", de Michael Scott, no qual é mencionado como protetor do Livro de Abraão - o Mago, onde se encontra o segredo da Imortalidade e da destruição do mundo. O segundo volume deste livro foi editado em português em Abril, 2009.
  • Citado no anime japonês Fullmetal Alchemist, principalmente através do símbolo da cobra em volta de uma cruz (cruz de flamel)


Alexander Graham Bell

Alexander Graham Bell, ca. 1914-1918.

Alexander Graham Bell (Edimburgo, 3 de Março de 1847 — Nova Escócia, 2 de Agosto de 1922) foi um cientista, inventor e fundador da companhia telefónica Bell.

Embora historicamente Bell tenha sido considerado como o inventor do telefone, o italiano Antonio Meucci foi reconhecido como o seu verdadeiro inventor, em 11 de junho de 2002, pelo Congresso dos Estados Unidos, através da resolução N°. 269. Meucci vendeu a patente do aparelho a Bell nos anos 1870.

Bell nasceu na Escócia, numa família ligada ao ensino de elocução: O seu avô em Londres, seu tio em Dublin, e seu pai, Sr. Alexander Melville Bell, em Edimburgo, eram todos elocucionistas professados. Este último publicou uma variedade de trabalhos sobre o assunto, dos quais vários são bem conhecidos, em especial o seu tratado na linguagem gestual, que apareceu em Edimburgo em 1868. Neste explica o seu método engenhoso de instruir surdos mudos, por meio visual, como articular palavras e como ler o que as outras pessoas dizem pelo movimento dos lábios. Graham Bell, seu filho distinto, foi educado na escola real de Edimburgo, onde se graduou aos 13 anos. Aos dezesseis fixou uma posição como professor de elocução e de música na academia de Weston house, em Elgin, Escócia. O ano seguinte foi passado na Universidade de Edimburgo. De 1866 a 1867 foi instrutor na universidade de Somersetshire em Bath, Inglaterra. Enquanto esteve na Escócia virou a sua atenção para a ciência da acústica, com o objectivo de melhorar a surdez de sua mãe.

Em 1870, aos 23 anos, mudou-se com a família para o Canadá, onde se estabeleceram em Brantford, Ontário. Antes de sair da Escócia, Alexander Graham Bell virou a sua atenção para o telefone, e no Canadá continuou o seu interesse por máquinas de comunicação. Projectou um piano que podia transmitir música a uma certa distância por meio de electricidade. Em 1873 acompanhou seu pai a Montreal, Quebeque, onde foi empregado a ensinar o seu sistema de linguagem gestual. A Bell mais velha foi convidada a introduzir o sistema numa grande escola para mudos em Boston, mas declinou o posto em favor do seu filho, que se tornou logo famoso nos Estados Unidos pelo seu sucesso neste importante trabalho. Alexander Graham Bell publicou mais de um tratado sobre o assunto em Washington, e é principalmente com os seus esforços que os milhares de surdos mudos na América podem agora falar quase, se não completamente, tão bem quanto as pessoas que conseguem ouvir.

Em Boston continuou a sua pesquisa no mesmo campo, e esforçou-se para produzir um telefone que emitisse não somente notas musicais, mas articulasse a fala.

Com financiamento do seu sogro americano, em 7 de Março de 1876, o Escritório de Patentes dos Estados Unidos concedeu-lhe a patente número 174.465 que cobre "o método de, e o instrumento para, transmitir sons vocais ou outros telegraficamente, causando ondulações eléctricas, similares às vibrações do ar que acompanham o som vocal.", ou seja o telefone. Após ter obtido a patente para o telefone, Bell continuou suas experiências em comunicação, que culminaram na invenção da photophone - transmissão do som num feixe de luz - um percursor dos sistemas de fibra óptica actuais. Também trabalhou na pesquisa médica e inventou técnicas para ensinar o discurso aos surdos.

Bell teve 18 patentes concedidas em seu nome e outras doze que compartilhou com seus colaboradores. Estas incluem 14 para o telefone e o telégrafo, quatro para o photophone, uma para o fonógrafo, cinco para veículos aéreos, quatro para hidroaviões, e duas para uma pilha de selénio. Em 1888 era um dos membros fundadores da National Geographic Society e transformou-se no seu segundo presidente.

Recebeu muitas honrarias. O governo francês conferiu-lhe a decoração da Légion d'honneur (legião de honra), a Académie française atribuiu-lhe o prémio Volta, de 50 mil francos, a sociedade real das artes em Londres concedeu-lhe a medalha Albert, em 1902, e a universidade de Würzburg, Baviera, concedeu-lhe o grau de doutoramento honoris causa.

Bell casou-se com Mabel Hubbard em 11 Julho de 1877, tornou-se cidadão naturalizado dos EUA em 1882 e morreu em Baddeck, Nova Escócia, em 1922.

Guerra de patentes

Bell patenteou o seu telefone nos Estados Unidos no início de 1876, e por estranha coincidência, Elisha Gray aplicou no mesmo dia uma outra patente do mesmo género. O transmissor de Gray é suposto ter sido inspirado num dispositivo muito antigo conhecido como 'telefone dos amantes', no qual dois diafragmas são unidos por um fio esticado, e a voz é transmitida unicamente pela vibração mecânica do fio.

A patente de Bell foi contestada repetidamente e apareceu mais de um reivindicador para a honra e recompensa de ser o inventor original do telefone. O caso mais importante foi o de Antonio Meucci, um emigrante italiano, que demonstrou com forte evidência que em 1849, em Havana, Cuba, tinha experimentado a transmissão de voz pela corrente eléctrica. Continuou a sua pesquisa em 1852 e 1853, e subsequentemente nos Estados Unidos, e em 1860 delegou a um amigo que visitava a Europa que procurasse pessoas interessadas na sua invenção. Em 1871, Meucci arquivou um requerimento no Gabinete de Patentes dos Estados Unidos, e tentou convencer o Sr. Grant, presidente da Companhia Telegráfica de Nova Iorque, a experimentar o instrumento.

A doença e a pobreza, consequência de um ferimento devido a uma explosão a bordo de um barco, retardaram suas experiências, e impediram que terminasse a sua patente. O instrumento experimental de Meucci foi exibido no exposição de Filadélfia de 1884, e atraiu muita atenção mas o modelo demonstrado não estava completo. No pedido de patente de 1872 diz que "eu emprego o bem conhecido efeito condutor dos condutores metálicos contínuos como meio para o som, e aumento o efeito electricamente isolando o condutor e as partes que estão em comunicação. Isto dá forma a um telégrafo falador sem a necessidade de qualquer tubo oco". Na conexão com o telefone usou um alarme eléctrico.

O reconhecimento oficial de Antonio Meucci como inventor do telefone só veio em 2002, com a resolução n°. 269 do Congresso dos Estados Unidos.

Companhia telefónica Bell

A Bell Telephone Company foi fundada em 1877, pelo sogro de Alexander Graham Bell, Gardiner Greene Hubbard, que também ajudou a organizar a New England Telephone and Telegraph Company. Em 1879, a Bell Company comprou da Western Union as patentes do microfone de carbono (grafite ou antracita), criado por Thomas Edison. Isto tornou o telefone mais eficiente para chamadas de longa distância - não era mais necessário gritar para ser ouvido.

A Bell e a New England fundiram-se em 1879 para formar a National Bell Telephone Company, que, em 1880 fundiu-se com outras para formar a American Bell Telephone Company.

Em 1899, a American Telephone & Telegraph Company (AT&T) adquiriu os ativos da American Bell Telephone Company.

Posteriormente, a AT&T sofreria fusões com a SBC Communications e a BellSouth, tornando-se em 2005 a Nova AT&T.

Benjamin Franklin

Benjamin Franklin numa tela de Joseph Siffred Duplessis.

Benjamin Franklin (Boston, 17 de Janeiro de 1706 — Filadélfia, 17 de Abril de 1790) foi um jornalista, editor, autor, maçom, filantropo, abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata, inventor e enxadrista ianque, que foi também um dos líderes da Revolução Americana, e é muito conhecido pelas suas muitas citações e pelas experiências com a electricidade.

Um homem religioso, calvinista, é ao mesmo tempo uma figura representativa do Iluminismo. Ele trocava correspondência com membros da sociedade lunar e foi eleito membro de Royal Society. Em 1771, Franklin tornou-se o primeiro Postmaster General (ministro dos correios) dos Estados Unidos da América.

Juventude

Almanaque do Pobre Ricardo (Poor Richard's Almanac).

Ele nasceu em Milk Street, Boston. O seu pai, Josiah Franklin, era comerciante de velas de cera, e casou duas vezes. Benjamin foi o 15º filho de 20 crianças nascidas dos dois casamentos. Deixou os estudos aos dez anos de idade e aos doze começou a trabalhar como aprendiz do seu irmão, James, um impressor que publicava um jornal chamado "New England Courant".

Ele tornou-se um contribuidor desta publicação e foi por algum tempo o seu editor nominal, escrevendo, secretamente, as cartas, disfarçado de uma viúva de meia idade chamada Silêncio Faz Bem. Os irmãos tiveram uma discussão e Benjamin fugiu, indo primeiro a Nova Iorque e depois a Filadélfia, aonde chegou em Outubro de 1723.

Em breve encontrou trabalho como impressor, mas após alguns meses, ele foi convencido pelo governador Keith a ir para Londres, onde, desiludido das promessas de Keith, voltou a trabalhar como compositor tipográfico numa impressora, até que um mercador chamado Thomas Denham o fizesse regressar a Filadélfia, dando-lhe uma posição na sua empresa.

Em 1732 ele começou a publicar o famoso Almanaque do Pobre Ricardo (Poor Richard's Almanac), no qual se baseia uma boa parte da sua reputação popular nos EUA. Provérbios deste almanaque tais como "um tostão poupado é um tostão ganhado", são hoje muito conhecidos, mesmo em todo o mundo.

Franklin e muitos outros maçons juntaram os seus recursos em 1731 e iniciaram a primeira biblioteca pública de Filadélfia. Fundaram para esse fim uma empresa , que encomendou os seus primeiros livros em 1732, na sua maioria livros de teologia e educacionais, mas em 1741 a biblioteca também incluía obras de história, de geografia, de poesia e de ciência. Os sucessos desta empreitada encorajaram a abertura de bibliotecas em outras cidades americanas e Franklin sentiu que este iluminismo fazia parte da luta das colónias na defesa dos seus interesses.



Assuntos públicos e estudos científicos

Franklin realizando o famoso experimento da pipa.

Em 1758, o ano em que ele deixou de escrever para o almanaque, imprimiu O sermão do pai Abraão, hoje considerado como o texto mais famoso da literatura produzida na América dos tempos coloniais.
Entretanto, Franklin estava preocupado cada vez mais com os assuntos públicos. Ele se importava muito com os assuntos públicos e, mais tarde, fundou a Universidade de Nova York. Fundou a sociedade filosófica americana com o fim de fomentar a comunicação das descobertas entre os homens da ciência. Ele já tinha começado a pesquisa da estática, que o iria ocupar, juntamente com outros temas científicos, até ao fim da sua vida (juntamente com a política e com os negócios).
Em 1748 ele vendeu o seu negócio por forma a poder ter mais tempo livre para os estudos, agora que tinha adquirido uma riqueza notável. Num espaço de poucos anos ele fez descobertas sobre a eletricidade que lhe trouxeram uma reputação internacional. Franklin identificou as cargas positivas e negativas e demonstrou que os raios são um fenómeno de natureza elétrica.
Franklin tornou esta teoria inesquecível através da experiência extremamente perigosa de fazer voar uma pipa durante a trovoada, em 1º de outubro de 1752. Franklin, nos seus escritos, demonstra que estava consciente dos perigos e dos modos alternativos de demonstrar que o trovão era elétrico. Se Franklin fez a experiência, ele não a fez da forma descrita (ela teria sido fatal). As invenções de Franklin incluíram o pára-raios, o aquecedor de Franklin - franklin stove (um aquecedor a lenha que se tornou muito popular, debitando uma corrente de ar directamente na área a aquecer), as lentes bifocais e o corpo de bombeiros norte-americano.
Franklin estabeleceu duas áreas de estudo importantes das ciências naturais: eletricidade e meteorologia. Na sua obra clássica A história das teorias da eletricidade e do Éter, Sir Edmund Whittaker refere-se à inferência de Franklin de que quando se esfrega uma substância não se cria nenhuma carga elétrica, mas esta é apenas transferida, de modo que "a quantidade total em qualquer sistema isolado é invariável". Esta asserção é conhecida como o "princípio da conservação da carga".
Como tipógrafo e editor de jornais, Franklin frequentava os mercados dos agricultores para angariar notícias. Um dia, Franklin notou que a notícia que dava conta de uma tormenta num lugar distante da Pensilvânia deverá ser a mesma tormenta que visitou Filadélfia em dias recentes. Foi o impulso que o levou à noção de que algumas tormentas se deslocam, o que levou aos mapas sinópticos da meteorologia dinâmica, substituindo a dependência única pelos gráficos da climatologia.
Em 1751, Franklin e o Dr. Thomas Bond obtiveram o alvará da legislatura da Pensilvânia para estabelecer um hospital. O hospital da Pensilvânia seria o primeiro hospital a ser criado naquela nação nascente que se chamará Estados Unidos da América. Na política, ele provou ser um hábil administrador e também uma figura controversa. O seu bom registo como administrador é manchado pelo uso pessoal da sua influência no avanço dos seus familiares. O seu mais notável serviço à política doméstica consistiu na reforma do sistema postal. Mas ganhou fama especialmente como estadista, com os seus serviços diplomáticos e na ligação das colónias com a Grã-Bretanha e mais tarde com a Rússia. Também esteve envolvido na criação do primeiro corpo de bombeiros voluntários dos EUA, a primeira biblioteca pública gratuita e muitos outros empreendimentos cívicos.
Em ele liderou a delegação da Pensilvânia ao congresso de Albany. Este encontro de várias colônias tinha sido requerido pela associação comercial (Board of Trade) inglesa para melhorar as relações com os índios na defesa perante os franceses. Franklin propôs um amplo plano de união para as colônias. Apesar do plano não ter sido adotado, elementos dele encontraram posteriormente lugar nos artigos da confederação e da Constituição Americana.

Últimos anos

Declaração da Independência.

Após o retorno à América, ele tomou uma parte honorável no caso Paxton, através do qual ele perdeu o seu assento na assembleia, mas em 1764 ele foi novamente enviado para Inglaterra como agente das colônias, desta vez a pedido do Rei, para retirar o governo das mãos dos proprietários. Em Londres, opôs-se ativamente à proposta da Lei do Selo (Stamp Act) mas perdeu a face por isto, e muita da sua popularidade por ter assegurado a um amigo o cargo de agente fiscal nos EUA. Mesmo o seu trabalho eficaz no apoio à revogação da lei não contribuiu para reganhar a popularidade, mas ele continuou os seus esforços na defesa das colónias mesmo quando as disputas avançavam para a crise da revolução.

Isto também lhe causou o conflito irreconciliável com o seu filho, que permaneceu ardentemente leal ao governo britânico. Em 1767 ele atravessou o canal até França, onde foi recebido com honra; mas antes do seu regresso a casa em 1775, ele perdeu a sua posição como ministro dos correios (postmaster) devido ao papel que teve na divulgação a Filadélfia da famosa carta de Hutchinson e Oliver. Na sua chegada a Filadélfia, ele foi eleito com membro do congresso continental e assistiu a redação da Declaração da Independência Americana.

Em Dezembro de 1776 ele foi enviado para França como emissário dos Estados Unidos. Ele residiu numa casa no subúrbio parisience de Passy, doada por Jacques-Donatien Le Ray de Chaumont que se tornaria um amigo e o estrangeiro mais importante na ajuda obtida pelos Estados Unidos na Guerra da Independência Americana.

Franklin era um dos principais dignitários da maçonaria americana. Ao chegar a França, toma parte activa num trabalho de depuração e de unificação da maçonaria, iniciado em 1773 com a criação do Grande Oriente, e que vem a culminar em 1780. Franklin ficou a dirigir, desde a sua casa de Passy,"as Musas" (Loge des Neufs Soeurs), em que reuniram artistas e literatos como Helvétius, Condorcet, Chamfort, Mercier, Houdon, Vernet.

Benjamin Franklin permaneceu na França até 1785, tendo sido muito apreciado na sociedade parisiense. Pediam-lhe conselhos. Um cardeal - Rohan, do célebre Caso do colar de diamantes, organizou festas em sua honra. Um médico - Marat - submeteu-lhe experiências de física. Um advogado - Brissot - interrogou-o sobre o Novo Mundo e a experiência revolucionária. Um outro, dedica-lhe a sua primeira peça - Robespierre. Franklin era tão popular que se tornou chique para famílias ricas francesas decorar os seus salões com um quadro dele.

Ele conduziu os assuntos de estado do seu país com um tal sucesso, incluindo uma aliança militar importante e negociando o tratado de Paris em 1783, que, quando regressou definitivamente aos EUA, recebeu um lugar meritório na independência americana, apenas superado pelo próprio George Washington. Quando Franklin foi chamado a regressar aos EUA em 1785, o rei honrou-o com a encomenda de um retrato pintado por Joseph Siffred Duplessis que hoje está exposto na Galeria do Retrato Nacional, do Instituto Smithsonian em Washington

Adicionalmente, após o seu retorno de França em 1785, ele tornou-se um abolicionista da escravatura, tendo-se tornado presidente da Sociedade promotora da abolição da escravatura e da libertação dos negros ilegalmente retidos em cativeiro.

sábado, 29 de agosto de 2009

Isaac Newton


Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de Janeiro de 1643 — Londres, 31 de Março de 1727) foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. Sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, é considerada uma das mais influentes em História da ciência. Publicada em 1687, esta obra descreve a lei da gravitação universal e as três leis de Newton, que fundamentaram a mecânica clássica.

Ao demonstrar a consistência que havia entre o sistema por si idealizado e as leis de Kepler do movimento dos planetas, foi o primeiro a demonstrar que o movimento de objetos, tanto na Terra como em outros corpos celestes, são governados pelo mesmo conjunto de leis naturais. O poder unificador e profético de suas leis era centrado na revolução científica, no avanço do heliocentrismo e na difundida noção de que a investigação racional pode revelar o funcionamento mais intrínseco da natureza.

Em uma pesquisa promovida pela renomada instituição Royal Society, Newton foi considerado o cientista que causou maior impacto na história da ciência. De personalidade sóbria, fechada e solitária, para ele, a função da ciência era descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.


Primeiros anos

Newton (1689), retratado pelo pintor Godfrey Kneller.

Newton nasceu prematuramente em Woolsthorpeno dia do Natal de 1642. Isaac Newton não conheceu seu pai, que morreu três meses antes de seu nascimento. Sua mãe, Hannah Ayscough Newton, passou, então, a administrar a propriedade rural da família. A situação financeira era estável, e a fazenda garantia um bom rendimento. Com apenas dois anos foi levado para a casa de seus avós onde foi criado, já que sua mãe havia casado-se novamente com um pastor, de nome Barnabas Smith. Tudo leva a crer que o jovem Isaac Newton teve uma infância muito triste e bastante solitária, pois laços afetivos entre ele e seus tios, primos, irmãos e até mesmo os avós não são encontrados como algo verdadeiro. Um ser de personalidade fechada, introspectiva e de temperamento difícil: assim era Newton, que, embora vivesse em uma época em que a tradição dizia que os homens cuidariam dos negócios de toda a família, nunca demonstrou habilidade ou interesse para esses tipos de trabalho. Por outro lado, pensa-se que ele passava horas e horas sozinho, observando as coisas e construindo objetos. Parece que o único romance de que se tem notícia na vida de Newton tenha ocorrido com uma certa senhorita Storer, embora isso não seja comprovado.

Newton e os primeiros passos na escola...

Especula-se que Newton estudou latim, grego e a Bíblia. Alguns sites destacam a idéia de que era um aluno bem mediano, até que uma cena de sua vida mudou isso: uma briga com um colega de escola fez com que Newton decidisse ser o melhor aluno de classe e de todo o prédio escolar.