sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Galileu Galilei


Galileu Galilei (em italiano Galileo Galilei, Pisa, 15 de fevereiro de 1564 — Florença, 8 de janeiro de 1642) foi um físico, matemático, astrónomo e filósofo italiano. Ele teve um papel preponderante na chamada revolução científica. Pisa era então parte do Grão-ducado da Toscana. Galileu era o filho mais velho do alaudista Vincenzo Galilei e Giulia Ammannati.


Galileu Galilei desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vénus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contributo de Galileu foi para o método científico, pois a ciência assentava numa metodologia aristotélica.

Assim como Paracelso, Nicolas Flamel, Graham Bell, Benjamim Franklin, Isaac Newton, a ordem Rosacruz teve como Iniciado Galileu Galilei, personagens ascendentes da história da humanidade, como , entre muitos outros.

O físico desenvolveu ainda vários instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termómetro de Galileu e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por Galileu, constitui um corte com o método aristotélico mais abstrato utilizado nessa época, devido a este Galileu é considerado como o "pai da ciência moderna".

Reconhecimento público e primeiros problemas com a Inquisição.


Túmulo de Galileu na basílica de Santa Croce em Florença.

O eco das descobertas astronómicas de Galileu foi imediato, devido à publicação do Sidereus Nuncius foi nomeado matemático e filósofo grã-ducal, sem obrigação de ensinar. Entretanto observa as manchas solares e os anéis de Saturno, que confunde com dois satélites devido à baixa resolução do seu telescópio. Observa ainda as fases de Vénus, que utiliza como uma prova mais do sistema heliocêntrico. Abandona então Pádua e vai viver em Florença.

Chegou a ser destinado à carreira religiosa, mas o seu pai queria que fosse médico e por isso inscreveu-o na Universidade de Pisa. No entanto desistiu de estudar medicina e decidiu estudar matemática. Foi nessa época que inventou a balança hidrostática, cujo mecanismo descreveu no breve tratado "La bilancetta", publicado em 1644. Durante o curso de medicina descobriu o isocronismo do pêndulo, determinando que o seu período não depende da massa, mas apenas do comprimento do fio. Foi o primeiro a pensar que este fenómeno permitiria fazer relógios muito mais precisos, e já no final da sua vida viria a trabalhar no mecanismo de escapo que mais tarde originaria o relógio de pêndulo.

Não chega a terminar os estudos e decide voltar a Florença onde dá aulas particulares para sobreviver e continua os seus estudos de matemática, mecânica e hidrostática.

Em 1588, com o apoio de Guidobaldo del Monte, matemático e admirador da sua obra, Galileu foi nomeado para a cátedra de matemática na Universidade de Pisa. Também em Pisa realizou as suas famosas experiências de queda de corpos em planos inclinados. Nestas demonstra que a velocidade de queda não depende do peso. Em 1590, publicou o pequeno tratado "De motu", sobre o movimento dos corpos. Com suas experiências de movimento de bolas em planos inclinados aproximou-se do que seria mais tarde conhecido como a primeira lei de Newton. Suas descobertas sobre o movimento tiveram significado especial pela abordagem matemática usada para analisá-las. A abordagem matemática se tornaria a marca registrada da física dos séculos XVII e XVIII e por esta razão Galileu seria chamado o "pai da física matemática".

Em 1592, ainda devido à influência de Guidobaldo del Monte, consegue a cátedra de matemática na Universidade de Pádua, onde passaria os 18 anos seguintes, "os mais felizes da sua vida". Nesta universidade ensinou geometria, mecânica e astronomia. Em Pádua descobriria as leis do movimento parabólico.

O telescópio...

Em 1609, teve conhecimento de um telescópio que foi oferecido por alto preço ao doge de Veneza. Ao saber que o instrumento era composto de duas lentes em um tubo, Galileu logo construiu um capaz de aumentar três vezes o tamanho aparente de um objeto, depois outro de dez vezes e, por fim, um capaz de aumentar 30 vezes.

Galileu não inventou o telescópio, cujo pedido de patente foi feito em 1608, por Hans Lipperhey (ou Lippershey), fabricante de óculos de Middleburg, nos Países Baixos, embora o termo "telescópio" tenha sido inventado na Itália em 1611.

Porém Galileu foi o primeiro a fazer uso científico do telescópio, ao fazer observações astronómicas com ele. Descobriu assim que a Via Láctea é composta de miríades de estrelas (e não era uma "emanação" como se pensava até essa época), descobriu ainda os satélites de Júpiter, as montanhas e crateras da Lua. Todas essas descobertas foram comunicadas ao mundo no livro Sidereus Nuncius ("Mensageiro das estrelas") em 1610. A observação dos satélites de Júpiter, levaram-no a defender o sistema heliocêntrico de Copérnico.


A condenação de Galileu pelo Santo Ofício

Galileu frente ao tribunal da inquisição Romana, pintura de Cristiano Banti.

O papa Urbano VIII, que chegou a afirmar que "a Igreja não tinha condenado e não condenaria a doutrina de Copérnico como herética, mas apenas como temerária" e tinha sido testemunha de defesa no processo de 1616, recebeu Galileu no Vaticano em seis audiências em que lhe ofereceu honrarias, dinheiro (pensões de promoção académica apoio científico) e recomendações. No entanto, o Papa não aceitou o pedido de Galileu de revogar o decreto de 1616 contra o heliocentrismo. Ao contrário encorajou Galileu a continuar os seus estudos sobre o mesmo, mas sempre como uma hipótese matemática útil porque simplificava os cálculos das órbitas dos astros e significavam um avanço cientifico que ainda não estaria suficientemente maturo para a época.

Foi neste contexto que Galileu escreveu Dialogo di Galileo Galilei sopra i due Massimi Sistemi del Mondo Tolemaico e Copernicano, por vezes abreviado para Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo (Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo) completado em 1630 e publicado em 1632, onde voltou a defender o sistema heliocêntrico e a utilizar como prova a sua teoria incorrecta das marés. É um diálogo entre três personagens, Salviati (que defende o heliocentrismo), Simplício (que defende o geocentrismo e é um pouco tonto) e Sagredo (um personagem neutro, mas que termina por concordar com Salviati). Esta obra foi seminal ao processo da Inquisição contra Galileu. A isto se deve a história complexa que levou à sua publicação.

O Papa tinha sugerido a Galileu escrever um livro em que os dois pontos de vista, o helio- e o geocentrismo, fossem defendidos em igualdade de condições e em que as suas opiniões pessoais também fossem defendidas, e aceitou dar-lhe o Imprimatur caso este fosse o caso. Estariam assim abertas as possibilidades de levar o heliocentrismo adiante eliminando as rivalidades académicas e disputas universitárias, ao mesmo tempo que seriam possivelmente preparadas abordagens teológicas mais claras. Em 1630, com a obra terminada, Galileu viajou a Roma para apresentá-la pessoalmente ao Papa. Este fez apenas uma leitura brevíssima e entrega-a aos censores do Vaticano para avaliar se estava de acordo com o decreto de 1616. Mas várias vicissitudes e em particular a ignorância dos censores em astronomia levaram a um grande atraso nesta avaliação, pois realmente o livro voltava a encalhar em aspectos dos defensores do geocentrismo e de uma facção da disputa académica. No fim foram realizadas apenas algumas experiências.

O Papa suspeitava que o tolo personagem era uma caricatura dele próprio, o que não era certamente a intenção de Galileu, e sentiu-se extremamente traído na confiança que tinha depositado nele. Galileu perdeu assim o mais poderoso dos seus aliados. Contudo estas são especulações somente, porque não há registo de Galileu nem por parte do Vaticano que levem a afirmar este tipo de pensamentos nunca expressos e entre dois amigos.

Galileu era cristão fervoroso, mas tinha um temperamento conflituoso e viveu numa época atribulada na qual a Igreja Católica endurecia a sua vigilância sobre a doutrina para fazer frente às derrotas que sofria pela Reforma Protestante. O Papa sentiu que a aceitação do modelo heliocêntrico como ferramenta tinha sido ultrapassada e convocou Galileu a Roma para ser julgado, apesar de este se encontrar bastante doente. Após um julgamento longo e atribulado foi condenado a abjurar publicamente as suas idéias e a prisão por tempo indefinido. A prisão de Galileu tornou-se um falso exemplo mais citado da "luta entre fé e ciência". Testemunhas dão nota que Galileu depois da prisão domiciliar e preventiva, no conforto e vida às custas da própria autoridade clerical, por vontade própria rezava diariamente o Breviário, livro de orações monástico da liturgia do Rito Romano. Os livros de Galileu foram incluídos no Index, censurados e proibidos, mas foram publicados nos Países Baixos, onde o protestantismo tinha já substituído o catolicismo, o que havia tornado a região livre da censura do Santo Ofício. Galileu havia escolhido precisamente a Holanda para executar o experimento com o telescópio que anteriormente construíra. Reza a lenda que, ao sair do tribunal após sua condenação, disse uma frase célebre: "Eppur si muove!", ou seja, "contudo, ela se move", referindo-se à Terra. Galileu consegue comutar a pena de prisão a confinamento, primeiro no palácio do embaixador do Grão-duque da Toscana em Roma, depois na casa do arcebispo Piccolomini em Siena e mais tarde na sua própria casa de campo em Arcetri.

Em 1638, quando já estava completamente cego, publicou Discorsi e Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze em Leiden, na Holanda, a sua obra mais importante. Nela discute as leis do movimento e a estrutura da matéria.

Há muito equívoco quanto à morte de Galileu, pois não foi ele o cientista queimado vivo por sua concepção astronômica, mas Giordano Bruno (1548-1600) que havia sido condenado à morte por heresia nos tribunais da Inquisição, ao defender idéias semelhantes. Galileo Galilei, na verdade, morre em Arcetri rodeado pela sua filha Maria Celeste e os seus discípulos, de forma piedosa e de fé exemplar. É enterrado na Basílica de Santa Croce em Florença, onde também estão Machiavelli e Michelangelo, o que prova que a primeira condenação não poderia ter sido a de culpa de heresia mas a de somente "heresia formal".

No decorrer dos séculos a Igreja reviu as suas posições no confronto com Galileu. Em 1846, são removidas todas as obras que apoiam o sistema coperniciano da versão revista do Index. Em 1992, mais de três séculos passados da sua condenação, é iniciada a revisão do seu processo que decide pela sua absolvição em 1999. Contudo a revisão da condenação não tem nada a ver com o sistema heliocêntrico porque esse nunca foi objecto dos processos.

A defesa do heliocentrismo e o processo do Santo Ofício


Os autores medievais aceitavam que a Terra era redonda, mas acreditavam no geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu. O sistema cosmológico, na ciência, ensinava que a Terra estava parada no centro do universo e os outros corpos orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. A Igreja Católica aceitava esse modelo como sempre aceitou os modelos científicos de cada época, desde que sejam compatíveis com a verdade revelada. Contudo essa não era uma certeza tradicional na ciência da época e não era um problema discutido. O heliocentrismo já era uma ideia antiga e que nunca despertou grande interesse nem complicação. Essa visão geocêntrica tradicional para alguns hoje foi abalada por Nicolau Copérnico que se limitou a dizer o que já tinha sido divulgado pelos monges copistas em seus manuscritos, que em 1514 começou a divulgar no meio académico um modelo matemático em que a Terra e os outros corpos celestes giravam ao redor do Sol, tese que ficou conhecida como heliocentrismo. Nesse primeiro momento, não se encontram muitas críticas por parte da Igreja. Note-se no entanto que a obra de Copérnico foi publicada com uma nota introdutória que explicava que o modelo apresentado devia ser interpretado apenas como uma ferramenta matemática que simplificava o cálculo das órbitas dos corpos celestes e nunca como uma descrição da realidade. Galileu viveu uma época atribulada. Durante a Idade Média, muitos teólogos já haviam reinterpretado as escrituras, "mas depois do Concílio de Trento a Igreja passava a condenar esse comportamento". Pois o caso de Galileu não implica o heliocentrismo com objecto do processo nem qualquer interpretação bíblica. "Galileu acabou condenado por desobediência e por proferir conteúdos contra a Doutrina", por ignorância nestes temas, ao mesmo tempo que muitos clérigos apoiaram o geocentrismo e outros o heliocentrismo em disputas académicas.

Vida Familiar

Galileu nunca se casou. Porém, ele teve um relacionamento com Marina Gamba, uma mulher que ele encontrou em uma de suas muitas viagens a Veneza. Marina morou na casa de Galileu em Pádua, onde deu à luz três crianças. Suas duas filhas, Virgínia e Lívia, foram colocadas em conventos onde se tornaram, respectivamente, irmã Maria Celeste e irmã Arcângela. Em 1610, Galileu mudou-se de Pádua para Florença onde ele assumiu uma posição na corte dos Médici. Ele deixou seu filho, Vincenzio, com Marina Gamba em Pádua. Em 1613, Marina casou-se com Giovanni Bartoluzzi, e Vincenzio foi viver junto com seu pai em Florença.